O clã Bolsonaro ganha o trono no Brasil
Feb 24, 2019 - ⧖ 3 minA partir do momento em que alcançou o poder, Jair Bolsonaro esteve rodeado de questões minimamente questionáveis ou até mesmo contraditórias. Logo após vencer as eleições com um forte discurso de combate à corrupção, indicou Onyx Lorenzoni para chefiar a Casa Civil, trazendo à tona dúvidas acerca da sua relação com o enriquecimento ilegal, dado o envolvimento comprovado do ministro em esquemas de Caixa 2. Após a repercussão, o atual ministro fez um “pedido de desculpas”, pacificamente aceito.
Pouco tempo depois surgiram informações sobre o novo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que alterou mapas em benefício de mineradoras. Fato que curiosamente veio à tona em período próximo ao do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho. E mais uma vez, nada foi feito pelo governo.
Também não houve maiores explicações acerca do motorista Queiroz e da relação entre Flávio Bolsonaro e as milícias que mataram Marielle, sendo icônico o seu elogio às mesmas no seu discurso na Câmara.
Surgiram ainda esquemas envolvendo o ministro do turismo, Marcelo Álvaro Antônio, o qual teve participação no laranjal do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro. Importante ressaltar que, apesar de ser o mesmo escandalo no qual Bebianno estava envolvido, o atual governo aparentemente opera com dois pesos e duas medidas a depender do caso, dado que nada foi feito com relação ao ministro, exceto por uma exoneração temporária.
Mas então o que haveria de tão especial no caso de Bebianno para que houvesse uma resposta tão rápida e drástica? Ao que parece, a resposta não está no secretário-geral, mas nas influências de Jair Bolsonaro. No caso, seu filho, Carlos Bolsonaro.
Carlos há tempos não tinha uma relação amigável com Bebianno e, aparentemente, foi principalmente devido à esse desentendimento entre os dois que o ministro foi retirado de sua pasta, após largo apoio à candidatura do presidente. Note-se, portanto, que o importante para o atual governo não é a “moral e os bons costumes”, a integridade e a legalidade. O que realmente importa é que a família esteja rodeada dos seus, sendo que o menor sinal de desentendimento é motivo para uma demissão, e não o envolvimento em esquemas de corrupção.
O sistema político brasileiro já teve momentos antidemocráticos, demagógicos e é fortemente marcado pelo patrimonialismo. No entanto, o poder que a família do presidente exerce nunca esteve mais claro. A cada dia demonstram seu desinteresse pelos princípios democráticos, com ministros praticamente sendo demitidos pelo filho do capitão. Antes de tudo as coisas precisam ficar claras: Jair é presidente, Carlos é vereador, Eduardo é deputado e Flávio é senador. E é importante que as coisas se mantenham assim, como foi decidido pelas eleições. Mas ao invés disso preferem agir como se fossem reis e príncipes no seu próprio reino militar de fantasia em que todos eles mandam e desmandam ao seu bel prazer.
Enquanto isso, o “bastião da justiça” do governo, o ministro Sérgio Moro, segue em seu silêncio sepulcral e o Brasil continua no seu posto de República das Bananas.